Aldeias foram inundadas, e famílias resgatadas estão alojadas em abrigo
Por Assessoria da CGY
Ontem (16), as aldeias guarani na região de Porto Alegre (RS) foram assoladas pelas tempestades trazidas por um ciclone extratropical que atingiu regiões nordeste e litoral do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e grandes impactos na serra gaúcha e região metropolitana de Porto Alegre.
As chuvas atingiram várias tekoa (aldeias) guarani, como as de Pindo Poty (Lami, Porto Alegre/RS), Kurity e Yvyã Porã (Canela – RS), Pekurity (Arroio da Divisa, Eldorado do Sul – RS), Yy Rupa (Terra de Areia – RS), Nhu Porã (Torres – RS), Kuaray Rese (Osório – RS) e Nhu Poty e Ka’aguy Porã (Passo Grande, Barra do Ribeira – RS), algumas em situação muito grave até agora.
Do que foi apurado até o momento, as ocorrências mais graves foram na tekoa Pindo Poty, localizada na região sul de Porto Alegre, onde as chuvas inundaram casas, mataram animais domésticos e levaram todos os pertences das famílias.
As famílias guarani ilhadas foram resgatadas de botes numa ação conjunta da Força Civil, Brigada Militar e Corpo de Bombeiros, e alojadas em um abrigo em Restinga, onde vão permanecer até as águas baixarem. No abrigo, as famílias sofrem privações, sem alimentos, agasalhos, itens básicos, cobertores e colchões.
A situação crítica do ciclone agrava o quadro de vulnerabilidade social das comunidades guarani, que já enfrentam dificuldades devido ao descaso do poder público na garantia de condições básicas nas tekoa e o preconceito da população. Diversas comunidades estão até agora sem acesso sequer aos serviços de telefonia e energia.
As famílias guarani no RS vivenciam um contexto massante de enfrentamento às privatizações de empresas estaduais estimuladas pelo governador Eduardo Leite (PSDB). O Estado promove a venda de áreas ocupadas por indígenas há anos, omitindo a presença das comunidades nessas regiões como estratégia de valorização dos lotes nos leilões realizados. Exemplo disso é a companhia de energia elétrica (antiga CEEE-G, atual CEEE- Equatorial), cuja venda do controle acionário da empresa se deu sob protestos das comunidades indígenas impactadas, e que hoje estão sem luz, em completa desassistência, bem como grande parte da população gaúcha afetada.
Neste momento de extrema vulnerabilidade e tristeza, a Comissão Guarani Yvyrupa presta sua solidariedade às comunidades indígenas no Rio Grande do Sul, atingidas pelas fortes chuvas, e informa que estará em contato com as lideranças locais e parceiros para informações sobre necessidades emergenciais e a busca por apoios.