Nesta quinta-feira (27), nossas lideranças do povo Ava Guarani no Oeste do Paraná receberam a notícia de que o Conselho de Administração da Itaipu Binacional finalmente aprovou acordo parcial que autoriza a compra de 3 mil hectares de terras para as comunidades na região. Antes disso, o povo Ava Guarani também esteve reunido em uma grande assembleia, reunindo representantes das 31 aldeias da Terra Indígena Tekoha Guasu Ocoy Jacutinga e da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá, na qual decidiram assinar o acordo.
Com o acordo parcial, espera-se que as comunidades Ava Guarani tenham algum alívio em meio a tanta violência que atinge as comunidades. Nos últimos anos foram inúmeros ataques com armas de fogo, dezenas de feridos, constantes ameaças de morte, além do aumento do ódio e o preconceito contra indígenas nas cidades do Oeste do Paraná.
O acordo, mesmo que parcial, finalmente torna oficial o reconhecimento de Itaipu Binacional de que existe uma dívida histórica da empresa com o povo Ava Guarani causada pelo alagamento de grande parte do território tradicionalmente ocupado, por expulsões e deslocamentos forçados, pelo loteamento indevido de terras, pela especulação imobiliária e pelo apagamento das famílias e comunidades indígenas que habitavam o território. Essa vitória do povo Ava Guarani não é pouca coisa, são mais de 40 anos lutando por algum reconhecimento formal da empresa.
O acordo porém é parcial, as comunidades Ava Guarani sabem que 3 mil hectares é muito pouco para reparar tudo o que Itaipu, Funai, Incra e a União causaram com a construção da hidrelétrica no período da Ditadura Militar. Certamente não será suficiente para contemplar as 31 comunidades das duas Terras Indígenas na região.
As comunidades seguirão buscando seus direitos na Ação Cível Originária 3.555 que tramita no Supremo Tribunal Federal até que todo o território do povo Ava Guarani seja devolvido.
Diante deste primeiro acordo parcial, as comunidades Ava Guarani do Oeste do Paraná se manifestam na Carta Pública a seguir: