A CGY expressa pesar e indignação pelo violento assassinato da nhandesy Estela Vera, opurahéiva (rezadora) ava guarani, na última semana, na Terra Indígena (TI) Yvy Katu (Japorã/Iguatemi – MS), região de fronteira com o Paraguai, que acumula vítimas do conflito de terras e da perseguição ao povo Guarani.
Em Yvy Katu, os Guarani vivem expostos à extrema violência dos conflitos fundiários e sob ataques constantes de interessados no arrendamento da Terra Indígena para plantio de soja, criação de gado e outras atividades do agronegócio.
Tendo vivido em outras áreas de ocupação tradicional guarani, Dona Estela sempre acompanhou as movimentos de luta pela terra e era reconhecida nas comunidades em que viveu por ser detentora de muitos saberes de seu povo, como cantos-rezas, histórias e remédios tradicionais.
Com mais de 22 anos de luta pela demarcação, a TI Yvy Katu é um dos territorios retomados pelos Kaiowá e Guarani em Mato Grosso do Sul desde os anos 1970. Ela teve sua portaria declaratória publicada pelo Ministério da Justiça no ano de 2005 e, em 2013, uma grande marcha de 5 mil indígenas enfrentou a polícia e fazendeiros para retomar 15 áreas reocupadas por fazendas. Desde então seu processo demarcação segue paralisado.
As lideranças que lutam pela demarcação e denunciam os arrendamentos ilegais no território correm risco de vida e por isso devem ser amparadas por ações e programas de proteção a testemunhas e a defensores de direitos humanos, conforme vem alertando o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União em defesa da ampliação das ações de proteção.
Denúncias já levadas à justiça brasileira, sociedade civil, organizações e tribunais internacionais e ao Papa Francisco, no Vaticano.
Exigimos apuração dos fatos e responsabilização dos autores e mandantes deste crime hediondo, que atinge todo o povo Guarani. Não é aceitável mais pagarmos com a vida a defesa de nossos territórios.
Justiça para Estela Vera! Demarcação já!